quarta-feira, 27 de junho de 2012

O SEMINARISTA - BERNARDO GUIMARÃES

Enredo da história
 
Eugênio morava juntamente com seus pais, capitão Francisco Antunes, dono de uma fazenda aonde vivia e a senhora Antunes.
Nesta fazenda vivenciava, também ali os agregados do capitão, uma destas era a D. Umbelina, que foi acolhida pelos fazendeiros após da morte de um amigo, marido de Umbelina, cujo nome era Alferes. Umbelina tinha uma filha chamada Margarida.
 
Margarida e Eugênio formavam-se um grande laço de amizade. A senhora e senhor Antunes tinham esta como filha,ambos não saiam da casa um do outro.
 
Com o passar do tempo os pais de Eugênio percebem que ele tem grande feição pela religiosidade, aonde decidem envia-lo ao seminário, para seguir a vocação de Padre. Com essa notícia Margarida se espanta fazendo-lhe questionamentos de inquietação se o local aonde iria estudar era longe, ou quando iria voltar.
 
O tempo ia-se se passando e Margarida quanto mais ia crescendo aprendia com sua madrinha, no caso a mãe de Eugênio, e também com sua mãe a costurar, e outros trabalhos manuais.
 
Chegou o dia de Eugênio partir-se para o seminário, aonde este se localizava-se em Congonhas do Campo. Deu-se um pouco de trabalho para tirar Margarida do abraço que Eugênio lhe dera, mas sua mãe agarrou-a bem forte até que conseguiu segurar sua filha.
 
Passado dois anos Eugênio volta para casa, mais Margarida já não freqüentava, tanto a casa de Eugênio, pois já conseguia ajudar a mãe nas tarefas de casa, desta forma Eugênio passava-se o dia na casa de Umbelina ensinando sua filha a ler, algo que não agradava seus pais, pelo fato de tempo que lá ele passava.
 
Na volta de Eugênio para o seminário, não conseguia tirar apenas uma coisa de sua cabeça a imagem de Margarida, nas missas celebradas ouvia a voz dela, ficava pensando nela o tempo todo.
Com o “ar poético” que Eugênio obtinha, passava a escrever versos sobre Margarida e os escondia, o regente do seminário (um fiscal) um dia encontrou aqueles manuscritos, passando estes para o Padre-diretor, este era o responsável de “punir” as injurias feitas pelos alunos confiscando-os pessoalmente em sua sala. Eugênio fica sem reação, implorando para que o Padre-diretor não o punisse, assim dando-lhe mais uma chance.
 
A partir deste ocorrido Eugênio percebe que o Padre-diretor estava certo, que precisava esquecer Margarida, para conseguir a carreira eclesiástica. No seminário ele era seguido como uma pessoa exemplar e de boa conduta.
 
Havia quatro anos que Eugênio não visitará sua família, assim seus pais escrevem para deixa-lo tirar férias, mas o Padre-diretor tem medo pelo fato da paixão entre ele e Margarida. Mas o Padre acaba cedendo esta vontade dos pais e também do filho.
Voltando-se a sua casa, Umbelina e Margarida foram o visitar. Ao avistar Margarida, Eugênio fica encantado com sua beleza, mas tenta evitar a olhar para ela.
 
Não contendo-se mais Eugênio decide ir falar com Margarida. Margarida o recorda das lembranças de infância, o juramento que fizera que ela seria a primeira pessoa que ele confessaria, até que ela conta a verdade a Margarida, que não desejava mais ser padre e que ao acabar os estudos não seria Padre. Pensando que sua mãe iria apóia-lo nessa hipótese conta-lhe a verdade,a mãe entra em “choque” e  percebeu que o motivo seria Margarida, desta forma decide falar com seu pai para mandar rapidamente ao seminário.
 
Passado alguns dia a casa de Umbelina iria acontecer um mutirão (um tipo de festa entre camponeses), como Eugênio estava proibido de ir até lá, então mente a seus pais que iria passar a noite na casa de seu primo, pois logo, logo iria volta ao seminário, sendo assim, seus pais o autorizaram. Chegando ao mutirão Margarida vai ao seu encontro, mais lá, encontrava-se um rapaz chamado Luciano que amava Margarida, percebendo que ela não estava dando-lhe muita atenção, começa a discutir com Eugênio, pelo fato que ele seguiria a carreira de Padre, e que provavelmente teria saído escondido, com toda esta discussão Umbelina o expulsa-o. No dia seguinte Luciano conta tudo ao senhor Antunes, aonde decide o enviar para o seminário o mais rápido possível e só voltaria quando já tivesse formado para Padre.
 
Seu pai conta-lhe o acontecido ao Padre-diretor, este o chamava em sua sala duas ou três vezes por semana, para ver se conseguia esquecer Margarida, mas não obtendo resultado algum escreve uma carta a seus pais, aonde decidem expulsar Margarida e Umbelina da fazenda sem que o garoto saiba.
 
Com o tempo os conselhos do Padre, as leituras realizadas, Eugênio aos poucos dava-se a perceber que a imagem de Margarida ia se esvaindo de sua  mente, então decidem mentir a ele que Margarida se casará.
 
Em tempo de festividade religiosa, veio ao seminário um padre missionário Jerônimo Gonçalves de Macedo, convidado a celebrar a missa, aonde o assunto central deste fora a paixão contra a religiosidade em se formar Padre. Assim Eugênio percebe que é aquilo que ele deseja, a religiosidade, pois pensava que Margarida já quebrará a promessa de espera-lo a acabar “o curso” no seminário.
 
Pouco tempo depois Umbelina falece de velhice na casa de sua parenta aonde estava hospedada. Quando já formado para Padre, Eugênio volta a sua cidade natal, aonde o povo ficava na euforia de vê-lo.
 
Margarida sofria de uma mal de coração, assim queria confessar-se com o Padre Vigário, mais este não estava na cidade, aonde acabam chamando Eugênio. Eugênio ao ver quem era, espantou-se. Por um lado fora tudo esclarecido e por outro Eugênio ficará muito nervoso, e após uma longa conversa ela pede para que ele volte no dia seguinte para confessa-la. Em sua próxima visita, Margarida sentia-se muito mais alegre e mais branda, e para ela, poderia morrer feliz agora que viste Eugênio, mas Eugênio não gostava daquela hipótese, ficaram conversando, aonde a felicidade sempre prevalecia.
 
No dia seguinte ele iria rezar sua primeira missa, estava muito nervoso. A Igreja lotada.
 
Um rapaz vem lhe comunicar que ele deveria rezar a uma moça eu falecera, deixando-o mais nervoso ainda. Após avistar quem era a finada soltou um grito rouco e sufocado, pois era Margarida.
O sacristão perguntou se havia algo lhe errado se deveria fazer a missa em outro dia ele disse que não que apenas dormirá mal a noite.
 
Ao entrar no altar todos esperando que começasse o a rezar o “intróito”, todos viram-lhe arrancar a roupa sacerdotal e joga-la com fúria no altar e sair correndo pela porta principal da Igreja. “Estava louco...louco furioso

Localização da obra; Geração Pertencente; Tendência seguida:

     A obra “O seminarista” fora escrita no ano de 1872;
    O livro pertence a segunda geração, cujo nome deu-se “mau-do-século”, pelo motivo que neste encontra-se o desejo de Margarida ao morrer ao saber que Eugênio havia se ordenado a Padre.
O subjetivismo também é possível se encontrar, ao ver os versos que Eugênio fazia para Margarida;

Trecho comprovante: “Poucos meses depois da morte de Umbelina, chegou aos ouvidos de Margarida a notícia, de que Eugênio havia tomado ordens. Dai em diante a desgraçada moça não contou mais com a vida.”
 
*Subjetivismo: “Longe de teus lindos olhos,
Ó Margarida,
Passo a noite, passo o dia
Em cruel melancolia; 
Ai! triste vida!
Que importa estejas ausente 
Ó bem querida; 
O teu formoso semblante
Estou vendo a cada instante, 
Ó Margarida.
Enquanto o nosso gado vai pastando
A verde relva ao longo da ribeira, 
Vamos, Menalca, repousar um pouco
A sombra da paineira.
Ali tu ressoando a doce avena
A Clore cantarás que é tua vida;
E eu te escutando chorarei saudades 
Da minha Margarida.
Mas basta; a sombra desce dos outeiros,
E o sol se esconde atrás daquela ermida,
É tempo de ir buscar o manso gado 
Da minha Margarida.”

No livro “O Seminarista” pode se observar que a tendência que mais prevalece na obra é o Romance regionalista ou rural. Essa tendência tem como características: valorização da cultura nacional, através da apresentação dos costumes, comportamentos e geografia de determinadas regiões do Brasil. Retrata também o cotidiano da vida nas fazendas do interior do Brasil
 
Trecho comprovante: em praticamente toda a obra,porém o trecho que mais deixa claro,falando sobre os costumes da população do interior retratando seus costumes e uma de suas comemorações é o seguinte: “Mutirão! só esta palavra nos faz ressoar aos ouvidos os alegres rumores dos descantos e folguedos da roça, o estrépito dos sapateados da dança camponesa por entre a zoada dos adufes e violas, e nos transporta ao meio das rústicas e singelas cenas de prazer da vida do sertanejo...”
 
Um outro trecho que deixa explicito ainda mais a prevalência dessa tendência é o que o narrador narra o que é o mutirão mostrando que é uma comemoração típica do interior mais especificamente de quer vive no campo no seguinte trecho: “... É o mutirão um costume dos pequenos lavradores, ou da gente pobre dos campos, que vivem como agregados dos grandes fazendeiros e que não possuindo terra, e menos ainda braços para cultivá-la, nem por isso deixam de plantar boas roças, ou de exercer sua pequena indústria, de que tiram a subsistência...”


Personagens (protagonistas e antagonistas) e Espaços principais; Tempo em que os fatos são narrados; Clímax da história:

Personagens:

EUGÊNIO: É o protagonista, o seminarista, a que o título se refere. “O rapaz era alvo, de cabelos castanhos, de olhar meigo e plácido e em sua fisionomia como em todo o seu ser transluziam indícios de uma índole pacata, doce e branda. Além disso, mostrava grande pendor para as coisas religiosas;

MARGARIDA: Afilhada dos pais de Eugênio, “era morena, de olhos grandes, negros e cheios de vivacidade, de corpo esbelto e flexível como o pendão da imbaúba”; “por sua graça e gentileza, extrema docilidade e precoce vivacidade, era mui querida de todos;

CAPITÃO FRANCISCO ANTUNES: Pai de Eugênio, “fazendeiro de medianas posses. Trabalhador, bom e extremoso pai de família, liso e sincero em seus negócios, partidista firme e cidadão sempre pronto para os ônus públicos”. Revela-se um homem capaz de mentir e enganar o próprio filho, para defender o status e os interesses familiares.

Sra. ANTUNES: Mulher boa e carinhosa,era a mãe de Eugênio. Muito religiosa, “tinha o espírito propenso a acreditar em superstições e agouros.”

D. UMBELINA: Mãe de Margarida, “era uma matrona gorda e corada, de rosto sempre afável e prazenteiro [...] e fora casada com um alferes de cavalaria.”

PADRE-MESTRE: É o responsável direto pela formação de Eugênio no seminário. Alia-se ao pai do rapaz e, além de pedir por ela, sustenta a mentira que engana o jovem até o capítulo XXII.

LUCIANO: rapaz apaixonado por Margarida e rejeitado por ela. Discute com Eugênio no mutirão. “Um moço que teria a rigor os seus vinte e cinco anos, de bonita e agradável presença, tropeiro bem principiado, que já tinha alguns lotes de burros no caminho do  Rio, e que além de tudo se tinha em grande conta de bonito, de rico e de bem nascido, pelo que não deixava de ser sumamente ridículo, quando não era insolente.”


-→ Espaços:

Terras do Sr. Antunes: Local aonde Eugênio mora com seus pais, e lá também encontrava-se as casas dos agregados destes → “Junto à ponte, de um lado e outro do caminho, viam-se duas corpulentas paineiras, cujos galhos, entrelaçando-se no ar, formavam uma arcada de verdura, à entrada do campo onde pastava o gado.”
 
Seminário: Encontrava-se em Congonhas do Campo → “um grande edifício
de sobrado, cuja frente se atravessa a pouca distância por detrás da igreja, tendo nos fundos mais um extenso lance, um pátio e uma vasta quinta. Das janelas do edifício se descortina o arraial, e a vista se derrama por um não muito largo, porém formoso horizonte.
 
Colinas bastantemente acidentadas, cobertas de sempre verdes pastagens e marchetadas aqui e acolá de alguns capões verdes escuros formam o aspecto geral do país. Por entre elas estendem-se profundos vales, e deslizam torrentes de águas puras e frescas à sombra de moitas de verdura e bosquetes matizados de uma infinidade de lindas flores silvestres.”
 
Quarto de Margarida: Neste local ocorre o desfecho da história → “No quarto da enferma, apesar da sua pobre simplicidade, reinava uma ordem e asseio, que contrastava com o aspecto miserável do resto da casa. O leito bem composto era guarnecido de um transparente cortinado cor-de-rosa, e em frente dele sobre uma pequena mesa de jacarandá de pés torneados, via-se um lindo oratório dourado, diante do qual ardia uma vela de cera entre duas jarras cheias de viçosas e fragrantes flores. Parecia mais uma gruta mística e perfumada, um voluptuoso ninho de amor, do que o quarto de uma moribunda.”

Climax: O conflito final, entre Eugênio e Margarida, apresenta o clímax da narrativa, que termina com a morte dela e a loucura dele.

Relacionando o contexto histórico com a intenção do autor juntamente com o tempo em que os fatos são narrados:

→ Em 1871 (século XIX), o bispo do Rio de Janeiro suspendeu o padre Almeida Martins das ordens eclesiásticas por este ser maçon, fazendo-o abandonar a maçonaria. Este fato provocou uma reação dos jornais contra os bispos, numa campanha de difamação e crítica que ficou conhecida como a Questão Religiosa. Como na época tudo que se referisse a igreja provocasse interesse e polêmica, e bem provável, dizem que os pesquisadores, que Bernardo aproveitou-se do momento para lançar, em 1872, seu romance.
Apesar de Bernardo ser classificado pelo conjunto de sua obra, como escritor romântico, com o Seminarista, não obedece a linha ideológica do romance romântico.
 
Em O seminarista, Bernardo Guimarães faz uma crítica ao celibato religioso de uma sociedade apegada aos dogmas cristãos e ao comportamento familiar típico de uma sociedade patriarcal. O autor censura tanto o autoritarismo e a hipocrisia dos pais, quanto dos padres. Há também uma forte crítica à educação típica dos seminários, que mais embrutecia os jovens do que formava homens sociais.
 
Bernardo Guimarães enriquece sua obra com a menção de crendices e comportamentos populares e de cunho folclórico, como a arte de enfeitiçar cobras, a mula sem cabeça e os mutirões.

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